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GABRIELLE OLIVEIRA

Um braço quebrado pode mudar toda uma história

O município de Pelotas fica na região sul do Rio Grande do Sul. A cidade é um importante polo cultural e educacional. Conta com cinco instituições de ensino superior, quatro escolas técnicas, dois teatros, biblioteca pública, vinte e três museus, quatro emissoras de televisão, jornais diários, aeroporto e porto.

A história do município começa lá pela segunda metade do século XVIII, envolvendo terras doadas, migrações forçadas pelo avanço dos espanhóis, retirantes oriundos da Colônia do Sacramento, que Portugal acabou entregando para Espanha, imigrantes chegando de vários lugares, dispostos a povoar e iniciar uma nova vida em terras do Sul da América. Vinham principalmente de terras açorianas, porém, também chegaram de outras regiões do mundo, formando um interessante caldo cultural.

As charqueadas, iniciando com o estabelecimento do português José Pinto Martins, em 1780, viraram atração para novos moradores, que chegaram para aproveitar o crescimento rápido. A riqueza advinda da produção e venda do charque possibilitou o desenvolvimento da região. Surgiram os primeiros palacetes e, já na primeira metade do século XIX, um ambiente urbano, com atrações culturais, teatro, por exemplo, começaram a aparecer. Assim, pelo seu crescimento, a vila de São Francisco de Paula foi elevada à condição de cidade. De aí em diante, lembrando seu início ligado à produção de charque e seu transporte, foi denominada Pelotas.

A cidade se transformou num polo econômico e cultural. Já deu para o Brasil grandes nomes tanto na esfera cultural como na política.

Nessa cidade, com um passado rico em história e orgulhosa da sua riqueza cultura, da sua pujança e dos seus filhos ilustres, nasceu no dia 23 de março de 1996 Gabrielle Oliveira, filha de Marcelo Sicca de Oliveira e de Lane Francis Ávila de Oliveira.

Gabrielle é uma jovem determinada, consciente das metas que almeja alcançar e com sede de aprender, de saber, de criar.

Marcelo Sicca de Oliveira, pai que enxerga com orgulho como a filha vai conquistando seu espaço na vida, comenta que Gabrielle é determinada, focada, com muita força de vontade e em plena ascensão na sua vida e na sua carreira.

Na sua infância foi uma menina que vencia a timidez inicial e conquistava com facilidade novas amizades. Era uma boa aluna no colégio, mas conversava muito em sala de aula e gostava de brincadeiras. Isso não prejudicou seu desempenho escolar. Era ligada em matérias como História e Ciências (admirava a didática dos professores dessas matérias) e uma fanática dos esportes, principalmente da ginástica olímpica, modalidade na qual tentaria sorte mais tarde.

Era uma menina cheia de perguntas, cheia de questionamentos. Sempre se perguntando como funcionava o mundo, o corpo humano, como a alimentação age no organismo, o que ela provoca nele. Sua curiosidade era aguçada constantemente por perguntas e pesquisas que ela insistia em fazer.

Sua paixão pela ginástica olímpica a levou até Curitiba, onde funcionava o Centro de Excelência de Ginástica Olímpica, da Universidade do Esporte do Paraná, que já formou a campeã mundial Daiane dos Santos e as medalhistas internacionais Daniele Hypólito, Jade Barbosa, entre outros.

Em Curitiba, muito jovem ainda, Gabrielle, longe da sua família, da sua cidade, do seu entorno, treinava muitas horas por dia, alimentando um sonho que foi truncado. Na vida nem sempre as peças se encaixam para realizar sonhos, alcançar metas, conquistar espaços. Além do treino normal, ela gostava de continuar treinando em casa. Uma tarde, num desses treinos caseiros, a barra presa no marco da porta se soltou e ela caiu, quebrando o braço e terminando com seu sonho de uma carreira na ginástica olímpica.

Nem ela nem o pai lembram-se disso com tristeza ou com revolta. Marcelo Sicca de Oliveira conta que foi mais uma prova da determinação, da objetividade e da resiliência de Gabrielle. Ele lembra como foi difícil para ela se adaptar, nas duas primeiras semanas, ao tipo de treino do Centro de Excelência, bem diferente daquele que ela realizava na sua cidade. Um dos exercícios que ela não realizava em Pelotas era subir por uma corda. Nos primeiros dias ela ficava por último, em clara desvantagem em comparação com as colegas. Em apenas duas semanas, ela se superou, se esforço e conseguiu igual ou melhorar desempenho das outras. Para Marcelo essa é uma clara demonstração de foco, determinação e raça.

Se bem a queda, o braço quebrado, mudou o rumo da vida de Gabrielle, não foi uma derrota e sim um aprendizado, preparando-a para outras batalhas, para novas conquistas.

O incidente, que frustrou uma possível carreira na ginástica olímpica, não tirou de Gabrielle a paixão pelo esporte. Voltando para sua cidade, além de continuar estudando, voltou a praticar vôlei e basquete.

As perguntas e dúvidas, que a acompanharam desde a infância, continuavam firmes e fortes na sua mente. Ela queria muito entender o funcionamento do corpo e decifrar questões que a atraiam desde muito pequena.

No momento de decidir qual seria sua carreira, hesitou entre Nutrição e Veterinária. Optou pela primeira, principalmente por sua inquietação sobre como aconteciam os diferentes processos dentro do corpo humano, principalmente aqueles relacionados com a alimentação.

Em 2014 empreendeu uma nova caminhada: Nutrição na UFPEL. Após concluir sua graduação, mudou-se para Balneário Camboriú, sempre apoiada pela família, que lhe dava suporte e força para ir adiante e seguir seus sonhos. Concluiu o curso em 2018, mas já no último ano estava começando a pós-graduação em Nutrição Esportiva com ênfase em alimentação e suplementação, que foi concluída em duas etapas, uma em Porto Alegre e a outra em Florianópolis.

Inquieta, apaixonada pelo que faz, nunca para de se aprofundar no conhecimento. Motivada pela sua sede de saber, começou o Mestrado em Saúde, focada em epidemiologia, na Univali.

Profissionalmente, Gabrielle se desempenha desde 2018, quando se formou e ingressou rapidamente na dia a dia de uma nutricionista. Seu pai acompanha seu desenvolvimento e afirma, sem medo de errar, que sua carreira está em plena ascensão e que está pronta para conquistas maiores. Um ponto que Marcelo Sicca de Oliveira sempre destaca é o compromisso ético da filha, sempre preocupada em respeitar os princípios que regem sua profissão e aqueles que fazem parte da moral de todo cidadão consciente do seu papel dentro da sociedade.

Gabrielle tem um excelente relacionamento com a família. Esse grupo familiar sempre lhe dá suporte e forças para ir adiante. Seu pai é uma figura fundamental dentro da sua vida. As vezes, eles têm alguns desencontros, mas conseguem superar as diferenças e chegar a um consenso. Ele é um pilar na vida da jovem nutricionista. A relação com a mãe é muito boa também.

Sua avó, Cleci Sicca de Oliveira, destaca a honestidade, a dedicação, a empatia, a força da personalidade da neta, sempre focada, com pensamento positivo. Para ela o foco, a responsabilidade e a dedicação são marcas registradas de Gabrielle.

Gabrielle encara a vida com valentia e sem medos. Consegue ir adiante, vencendo as dificuldades, superando obstáculos, sem maiores problemas.

Apaixonada pelo faz, acredita que irá abrindo portas naturalmente, mesmo que isso a obrigue a redobrar esforços.

Ela se lembra de um fato marcante na época do estágio, quando cursava Nutrição. Essa etapa foi cumprida num hospital. Ali teve contato, desde seu primeiro dia no estágio, com uma paciente com câncer. Acompanhou o desenvolvimento da doença, conversando muito com a paciente, entendendo, percebendo realidades que, quiçá, até aquele momento estavam um pouco longe da sua percepção. Essa experiência crucial durou um ano (ela continuou visitando-a mesmo depois de finalizar o atendimento) e acabou com a morte da paciente. Gabrielle foi marcada e impactada por essa morte.

Gabrielle se considera uma garota normal, amante da vida, apaixonada pela sua profissão, dedicada e com muita vontade de aprender e de contribuir com seu conhecimento, com seu trabalho profissional, para melhorar o seu entorno, para melhorar a vida das pessoas. Amante da natureza, da praia, do sol, sempre quis morar em um lugar como Balneário Camboriú. Afirma que é uma amiga fiel, séria (mas brincalhona) e tenta equilibrar a sua vida profissional com a sua vida particular.

Henrique Kessler, um dos seus amigos, estudou com ela no Ensino Médio.  Comenta que em poucos minutos de conversa com Gabrielle já é fácil perceber o quão cativante ela é. Ele define a amiga como enérgica, confiável e cativante.

Para ele, Gabrielle é uma pessoa decidida. Decidir morar em Balneário Camboriú saindo de perto das pessoas que amava, mesmo já tendo feito isso ainda mais jovem quando foi para Curitiba, mostra a decisão e coragem de Gabrielle. – “Apesar de parecer simples, uma pessoa trocar a cidade onde nasceu, onde é conhecida e possui estabilidade, para outra onde não tem garantia de nada, não é fácil. A Gabrielle sempre disse que queria morar em Balneário, que achava a cidade fantástica, mas não conhecer ninguém e não ter uma oportunidade dificultava a situação”, conta Henrique Kessler.

Gabrielle se lançou e conquistou seu espaço.

Profissionalmente, Henrique afirma que ela é dedicada, começando a aplicar seus conhecimentos assim que foi possível, buscando aperfeiçoar-se, participando de projetos de pesquisa e iniciando os seus atendimentos aos pacientes.

Thiago Cavalheiro Lettnin relata que – “Gabrielle se trata de uma amiga, com maiúsculas, alguém que eu conheço a mais ou menos dez anos. Nos conhecemos no meu primeiro dia de aula, em uma nova escola em nossa cidade natal. Nossa relação começou logo com um grande sorriso seguido de um “Oi, eu sou Gabrielle” depois disso foi construído um grande laço, que perdura até hoje. Sou meio suspeito para falar sobre ela. Mas, no quesito de personalidade, motivação e disposição há poucas pessoas iguais, além de destacar é claro, sua inteligência e amor pela profissão, pelas pessoas”.

– “Nós chegamos em Santa Catarina mais ou menos juntos, com alguns meses de diferença’’, continua Thiago. – ‘‘Chegamos conhecendo poucas pessoas e para trabalhar em áreas interligadas já que atuo como personal trainer. Admiro como ela enfrentou barreiras e as superou em tão pouco tempo, provando a cada dia ser uma ótima nutricionista, provando todo seu valor, através do seu ótimo trabalho. Não me encontro mais em Santa Catarina, mas sigo acompanhando orgulhosamente essa grande amiga, que tem uma grande trajetória pela frente”.

A garotinha que brincava na rua com amigos e primos, que adorava jogar vídeo game, que se apaixonou ainda muito jovem pela ginástica olímpica, sonho interrompido por um braço quebrado, que voltou para a terra natal e recomeçou, que tem uma paixão que se chama Bakaus (um cachorrinho que exige constantemente sua atenção), que escolheu a Nutrição como a porta para deixar a sua marca no mundo, tem um sorriso doce e esbanja simpatia. Detrás dessa jovem mulher, que apenas está iniciando seu percurso e já alcançou destaque, já apareceu como um farol no meio de tanta escuridão. É uma mulher capaz, dedicada, focada, profundamente imbuída da sua missão como ser humano, como profissional e aos estudos.

Gabrielle Oliveira, a pelotense que ama o sol e a praia, está traçando novos rumos, sua vida é uma constante evolução e mudança. Focada e apaixonada com os estudos, certamente alcançará mais um sucesso em mudará a vida de muitas pessoas.

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