DONUTS NOW – Um italiano fazendo história no Brasil
Giovanni Lo Grasso nasceu em Marsala (Sicília, Itália) no dia 13 de junho de 1987. Nasceu com asas enormes na alma, apêndices não visíveis, porém sempre presentes na sua vida. Giovanni sempre foi um líder. Foi um dos primeiros a ter um computador no seu círculo social com apenas seis anos de idade. Muito curioso, ele procurava constantemente explicações sobre tudo.
Desde pequeno esteve ligado ao mar por influência do seu pai. O Mar Mediterrâneo era uma atração forte para seu espírito aventureiro. Com 14 anos teve sua primeira máquina sobre rodas e a levou a um mecânico para melhorar. Sua moto tinha que ser a melhor, a mais bonita, a mais rápida.
Giovanni resolveu cursar Engenharia, pensando em sua afinidade com tudo o relacionado a computadores e informática. Porém, foi bastante puxado para ele o estudo e, em determinado momento, resolveu largar tudo e mudar para Economia. Queria ser empresário como seu pai, Stefano Lo Grasso. Foi adiante com seu projeto e nas férias voltou para sua cidade, pequena e conservadora. Giovanni não sabe exatamente o que aconteceu com ele. Voltou e se desligou de tudo aquilo que fazia sua alegria em tempos passados. Estava nesse estado de ânimo quando seus olhos se depararam, na biblioteca da sua irmã Perla, com dois exemplares do mesmo livro: O Alquimista de Paulo Coelho. Aquilo chamou sua atenção. Por que dois livros iguais? Perguntou para todos, inclusive para sua irmã que já não morava na casa dos pais. Ninguém soube explicar. Ele começou a folhar o livro e se interessou pela história do pastor andaluz, Santiago, que perturbado por um sonho recorrente e depois de negar-se a alimentar tal sonho, resolveu ir atrás de um tesouro no Egito, passando por inúmeras peripécias, até encontrar um alquimista que lhe revelou o segredo do seu sonho. Há duas afirmações claras e que mexeram com Giovanni: – “Aqueles que não entenderem suas Lendas Pessoais não conseguirão compreender seus ensinamentos”, é uma delas e a outra afirma que: “Quando uma pessoa realmente deseja alguma coisa, todo o universo conspira para ajudar essa pessoa a realizar seu sonho”. Simples assim.
Ele resolveu que não queria ficar na sua pequena cidade nem seguir o destino que todos esperavam dele, seguindo os passos do seu pai. Ia embora, tinha que ir, tinha que voar. Suas pesquisas o levaram a desejar ardentemente ir para Austrália, um país que estava na moda, um país jovem e com muitas chances para jovens de todas as nacionalidades. Sem comentar nada, sem avisar os pais, começou a se mexer, a pesquisar o que precisava para viajar e para ficar lá. O cunhado, que era enólogo, o ajudou a arrumar um emprego numa vinícola, das tantas que existem na Sicília. Era um trabalho pesado, começando de madrugada e indo até tarde; mas ele tinha um objetivo, um sonho pessoal e intransferível: arrumar a documentação e viajar para Austrália, começando uma nova etapa da sua vida. Os amigos na balada, aproveitando o verão, navegando em amores de temporada e curtindo a vida. E ele trabalhando, empedernido, focado como nunca, imaginando-se nas terras dos cangurus. Giovanni nem lembrava que tinha perdido um ano de estudos por causa do seu fraquíssimo desempenho na língua inglesa que, definitivamente, não dominava nem um pouco. Porém, esse era um detalhe que não atrapalharia seu sonho de desembarcar num país que nem conhecia direito, mas que o atraía como se fosse sua “lenda pessoal”, a sua caminhada até o seu tesouro escondido.
Quando terminou o verão, em vez de voltar para os estudos, ficou na sua cidade. Um dia chegou na hora do almoço, pai e mãe esperando por ele, sentou, jogou sobre a mesa passaporte, visto e passagem aérea para Austrália, anunciando que estava indo embora por um tempo. Para Adriana, a sua mãe, foi como se um terremoto a estive atingindo e engolindo. O pai, Stefano, simplesmente abaixou a cabeça, concentrou seu olhar no prato e continuo comendo em silêncio. Não falou mais com Giovanni.
Giovanni Lo Grasso, filho de uma cidade pequena, pacata e conservadora, estava partindo para um país desconhecido, prenhe de mistérios e lendas, um país que desconhecia totalmente, onde não conhecia ninguém, nem sequer falava o idioma. Para completar, não tinha muito dinheiro no bolso para empreender a aventura da sua vida. Apenas quinhentos euros. Uma loucura total aos olhos dos amigos, dos parentes e, principalmente, dos pais.
Chegou o dia de partir e o pai ainda não tinha emitido nenhum comentário. Porém, quando chegou o momento de partir para Roma, onde teria que pegar o avião para Brisbane (Austrália), o pai o acompanhou e no aeroporto, quando Giovanni ia embarcar, começou a chorar compulsivamente, sem conseguir parar. Não podia acreditar que o filho amado, com tudo ao seu alcance para começar uma vida boa na sua terra natal, estava partindo para um mundo desconhecido. Ofereceu dinheiro e Giovanni não aceitou. Era seu sonho e ia conquistar seu espaço sozinho e com seu próprio esforço. Ele tinha apenas 24 anos e não sabia falar em inglês.
Vinte e cinco horas depois chegou ao seu destino, do outro lado do mundo. Encontrou outro italiano aventureiro, Cristian, que também tinha se lançado sem muita informação naquela aventura com final desconhecido. No centro de Brisbane encontraram tudo fechado, tiveram que dormir na rua. Depois dessa primeira noite, começaram a conhecer outros italianos. Giovanni, simpático e com muita desenvoltura, logo conseguiu trabalho num restaurante grego, lavando pratos por um salário que, tempo depois descobriria, era ínfimo. Simpático, foi se aproximando dos cozinheiros e aprendendo.
O restaurante tinha uma boa frequência, entre eles muitos italianos. Um deles, filho de pai rico, se interessou pela situação de Giovanni e seu amigo Cristian. Abriu os olhos deles para a realidade: estavam sendo explorados pelo grego. Eles mal ganhavam para pagar o quartinho que alugavam e para alguns gastos básicos. Foram morar na garagem do italiano rico, dormindo nos carros de época que ele tinha lá, tomando banho frio e se adaptando à nova realidade.
O mesmo italiano que lhe ofereceu a garagem para dormir, alugou para Giovanni um apartamento bem em conta e que ele podia pagar. Giovanni conseguiu trabalho numa fábrica de massas italianas e começou a se interessar cada vez mais por gastronomia. Queria saber tudo, cada detalhe, entender como funcionava todo o processo. Pelas leis do país, era obrigado a fazer algum curso. Ele optou por Gastronomia, concluindo um curso na The University of Melbourne.
Aos poucos ele foi se incorporando à vida australiana. Ele admirava e frequentava muito um local famoso, Alfred and Constance Bar. Um conhecido que trabalhava lá, comentou que surgira uma vaga para trabalhar na cozinha do restaurante. Era um local que abria cedo e entrava noite adentro na balada. Deixou o currículo lá e lhe ofereceram um lugar como chef de cozinha. Ele argumentou que não era chef, mesmo assim insistiram e ele topou.
Foi um grande desafio para o siciliano amado pelos pais. Seu superior, David, era muito rude. Com o tempo, se entenderam e até viraram amigos. Giovanni começou na parte de saladas e hamburguesas. Ninguém aguentava o ritmo, era corrido e o chefe não dava folga. Para Giovanni foi uma experiência única. Um dia ele errou uma apresentação de um prato e o chefe enlouqueceu. Gritou “italian” e quando visualizou Giovanni simplesmente arremessou o prato com a comida contra ele. Giovanni foi mandado para casa. Trocou de roupa, pegou sua mochila, acreditando que estava demitido. Quando estava saindo o chefe falou: – “Vai para casa, estuda o cardápio e volta amanhã”. Giovanni levou a sério a oportunidade de se redimir perante o chefe. Estudou o cardápio de ponta a ponta, se preparou e acabou virando supervisor de área do restaurante.
Giovanni tinha prometido ficar seis meses na Austrália, acabou ficando cinco anos. Ele estava atrás do visto permanente para ficar na Austrália. Cada vez que voltava para Sicília prometia que voltaria logo, mas aproveitava o tempo de férias para estudar, para aprofundar seu conhecimento na cultura gastronômica da sua terra.
Com a ideia fixa em estabelecer-se definitivamente na Austrália, Giovanni procurou uns sicilianos, donos de uma confeitaria. Fechou um acordo com eles, visando alcançar seu objetivo que era ficar no país. Para isso, pelas leis, tinha que ter um contrato com um bom salário e trabalhar durante três anos, para poder ingressar com seu pedido de residência permanente. Para se adaptar às leis australianas, eventualmente tinha que viajar para Hong Kong na China, onde aproveitava para fazer cursos, voltando logo para a Austrália e renovando seu visto.
Na confeitaria fazia de tudo, inclusive vendas e entregas. Tudo estava indo dentro do planejado, quando um acidente dentro da cozinha atrapalhou seus planos. Alguém lhe alcançou uma panela e não avisou que era manteiga quente. Ele, automaticamente, colocou água fria sobre o líquido que estava na panela. Aquilo literalmente explodiu, provocando queimaduras graves numa das mãos e nos braços. Ele gritava de dor. Como a confeitaria não tinha seguro para ele, não queriam que Giovanni fosse até o hospital, diziam que podia ser tratado no local. Depois de ele e outros colegas insistirem, o levaram para o hospital.
Assim começou uma etapa complicada em terras australianas. Foram sessenta dias sem trabalhar e sem receber nada. Ele não tinha certeza de que ficaria bem e não teve o apoio dos empregadores. Giovanni não queria mais voltar a trabalhar lá, porém, era obrigado se pretendia fixar residência na Austrália.
Naquela época, ele namorava uma brasileira. Isso o colocou em contato com a comunidade brasileira e com brasileiros que chegavam ao país em busca de oportunidades. Como tinha um bom carro, resolveu começar a fazer transfer para sair daquela situação complicada. Aos poucos ele foi montando um pacote completo para os brasileiros que chegavam a Brisbane. Até chip telefônico ele oferecia. Foi sua primeira empresa: Go Transfer Austrália. Com o passar do tempo aprendeu português e descobriu um novo nicho: alugar apartamentos. Assim virou uma espécie de corretor para a comunidade brasileira. Seu pacote logo ficou completo: transfer, chip para telefone e um espaço para viver nos primeiros tempos na Austrália.
A namorada brasileira insistia muito para fazerem uma viagem para o Brasil. A viagem aconteceu. Começaram pelo Rio de Janeiro, terra dela, foram para o Nordeste e, quando ele falou que queria ir para a Amazônia as discussões ficaram mais intensas do que já eram. Foram. Lá conviveram com alguns índios por uns dias, captando um pouco daquela cultura.
Dias antes do retorno a namorada avisou que não queria voltar para a Austrália. Giovanni não queria ficar no Brasil. Assim terminou o romance. Ele voltou para a Austrália, ela ficou no Brasil.
As coisas estavam indo bem. Tinha três carros. Fazia transfer para italianos, colombianos, além dos brasileiros. Tinha várias casas alugadas, que oferecia para os recém chegados ao país. Comprou uma Pajero e começou a fazer passeios turísticos com ela, numa espécie de férias trabalhadas. Até que caiu uma bomba na sua vida: os donos da confeitaria o tinham denunciado por estar trabalhando enquanto estava afastado pela queimadura. A imigração o localizou, cancelou seu visto e lhe deram trinta dias para sair do país. O mundo desabou para Giovanni. Teve que sair do país, mesmo iniciando um processo, no qual gastou muito dinheiro, para tentar reverter a situação.
Giovanni volta para a Itália, porém um sócio brasileiro, Marcelo, se encarregava de cuidar seus negócios na Austrália, o que lhe dava uma renda interessante. Mas, não se adapta à vida tranquila e conservadora da sua cidade natal. Amava seus pais, seus amigos, mas era insuportável para ele ficar lá.
Resolveu ir para o Brasil e escolhe, pesquisando no Google, a cidade de Balneário Camboriú. Logo se incorporou à vida do Sul do Brasil. Estudava em São Paulo e não perdia baladas no balneário. Conheceu o chef Daniel Damásio, de Joinville (SC) e se ofereceu para trabalhar com ele. Estava fazendo bolos de casamento, quando surgiu a oportunidade de participar num reality show da TV Record. Ao mesmo tempo, recebeu a notícia de que tinham recusado seu pedido de visto para ficar na Austrália. Percebeu que era algo definitivo.
O reality show foi a segunda temporada da “Batalha dos Confeiteiros Brasil”, um talent show brasileiro, estreou em 18 de abril de 2018, exibido pela RecordTV em parceria com a Discovery Home & Health e que teve sua exibição em vários países.
Foi puxado, com poucas horas de sono e muita tensão. Porém, deu projeção nacional para Giovanni Lo Grasso. Quando terminou ele já tinha mudado de ideia sobre o Brasil. Queria ficar e aprender cada vez mais sobre o país, além de contribuir com seu conhecimento e experiência.
Os seus negócios na Austrália não estavam indo bem. Resolveu vender e investir no Brasil, abrindo um local especializado em donuts: a Donuts Now, trazendo para Balneário Camboriú todo o conhecimento e sabor de outras terras. Nessa época conheceu o Bruno, que embarcou no sonho de Giovanni.
Giovanni Lo Grasso não encara o Donuts Now como um local que oferece um produto. Para ele é obrigação fornecer qualidade, bom atendimento e padronização. O diferencial está na experiência proporcionada, na experiência transmitida para o cliente e vivenciada por este.
Num momento complicado da empresa, Giovanni recorreu a Priscilla Ribeiro de Souza, economista e consultora, que o ajudou a entender exatamente o que estava acontecendo e quais seriam os passos para redirecionar a Donuts Now. Para ela, Giovanni é uma pessoa extremamente esforçada e determinada, com muita coragem. Ele consegue combinar, segundo palavras de Priscilla, garra, fé e humildade. Para ela a Donuts Now, mesmo enfrentando dificuldades, a maioria delas por causa da sa-zonalidade, tem um porvir interessante, com um grande potencial e com tudo para alcançar renome nacional.
Patricia Trentin, amiga de Giovanni, o conheceu na inauguração da Donuts Now, bem no começo, quando abriram a primeira unidade na Avenida Atlântica em Balneário Camboriú – SC. O considera uma pessoa humilde, batalhador e sincero. – “Fico imensamente feliz em ver e fazer parte da trajetória dele, porque acima de tudo é um homem honesto e que trabalha dia e noite pelos seus sonhos. Quando iniciou a Donuts com apenas dois funcionários era algo muito incerto, mas ele sempre esteve confiante de que iria conquistar o seu espaço. E de lá pra cá tudo tem fluído, hoje tem a fábrica linda onde tive o prazer de visitar e conhecer cada detalhe que ele fez com muito amor, dá pra ver os brilhos nos olhos dele”.
A história de Giovanni Lo Grasso não acaba aqui. Está apenas começando, é ainda aquele menino que, um dia, escutou da professora que não tinha habilidade para idiomas e que nunca passaria do seu italiano. Hoje ele fala vários idiomas, no mínimo três, um autodidata que demonstrou que é possível, mesmo que todos pensem que é loucura, que não vai acontecer.
Ele professa um amor imensurável pelos seus pais, pela sua pátria, pelos seus amigos. Mas o mundo o chamou e ele não resistiu ao chamado, saindo do seu berço de ouro, protegido e confortável, enfrentando todo tipo de provação, de dificuldades, de momentos extremos e muito complicados, reescrevendo seu destino várias vezes, torcendo o que supostamente seria seu fim e transformando desastres em vitórias estrondosas.
Bianca Thamyris dos Santos, carinhosamente conhecida como Bibi, amiga de Giovanni, o conheceu no evento Catarina Trends, foram convidados alguns influencers para contar como foi sua trajetória, não só no Instagram, mas também com diferentes experiências vivenciadas. “No meu caso foi mais voltado ao Instagram e o Giovanni contou sobre o reality que participou, Batalha dos Confeiteiros, e sua vinda para o Brasil. Neste dia nosso ‘‘santo bateu’’ e ele me comentou que abriria um negócio diferenciado na região e pegou meu contato. Uns dois meses depois nossa história de amizade começou, quando a Donuts foi inaugurada.’’ Bianca considera Giovanni uma pessoa determinada, sensível e ao mesmo tempo detalhista. – “Vejo como ele gosta de buscar conhecimento, acredito que sua criatividade foi determinante para o sucesso da Donuts Now. Acompanho desde o início essa jornada, ele já teve diversas superações, uma delas que acompanhei foi a respeito de questões societárias, assim como toda empresa passa por dificuldades, na Donuts não foi diferente. Teve que montar uma nova equipe, ver um novo espaço, e ainda planejando uma ampliação do negócio, já que apesar dos problemas que surgiam estava crescendo rapidamente. Tiro o chapéu para ele, pois o emocional conta muito, e ele conseguiu segurar a onda. Tenho experiência e sei como a gestão de pessoas é complexa, e ele consegue levar isso adiante com maestria, juntamente com toda a estratégia de marketing que é super eficiente”.
Um projeto que era pra ser um carrinho desmontável para colocar nas feirinhas com dois colaboradores trabalhando, virou uma fábrica de mais de 300 m² de estrutura com 27 colaboradores, e Giovanni tem o intuito de expandir a empresa pelo Brasil e até fora do país. E tudo isso com um lindo propósito de querer trazer felicidade para os seus clientes em formato de doce! Nunca foi por ganância, mas sim pra gerar empregos e criar algo incrível para que o mundo inteiro possa ter acesso. Afinal, são poucos os empreendimentos que trazem aquela experiência de felicidade e amor no coração das pessoas.
A sua jovem vida já está carregada de muita experiência, com muita bagagem, com uma estrutura que lhe dá resistência e lhe ajuda a encontrar o caminho certo. Seu corpo, sua mente e sua alma estão preparados para enfrentar qualquer dificuldade, qualquer adversidade e alcançar o merecido sucesso. Ele abre as asas da sua imaginação e vai.
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