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HOSPITAL DE OLHOS DE SANTA CATARINA

    WISLEN ROBERTO DOS SANTOS BRAGA – Um mineiro escrevendo uma história de sucesso

    Dalva dos Santos Braga era filha de ferroviário em Araguari (MG), seu esposo Idalírio Braga era ferroviário. A cidade girava em torno do movimento dos trens, alavancando a economia local, possibilitando a existência de numerosas oficinas de apoio para os trens.  Do matrimônio Idalírio e Dalva nasceu Wislen Roberto dos Santos Braga, no dia 06 de fevereiro de 1947, na pequena e agitada Araguari.

    Araguari, pela sua posição geográfica, virou um ponto de entroncamento de várias vias férreas, transformando a vida da cidade.

    Ele foi uma típica criança de uma cidade do interior. Teve uma infância feliz, com muitas brincadeiras, algumas até perigosas. Entrar mato adentro com os amigos e mergulhar em águas um tanto perigosas, sem saber nadar direito, por exemplo, era uma dessas atividades que, enxergadas desde um ponto de vista adulto, são realmente perigosas. Mas, quando criança, ignorava o perigo e mergulhava divertido junto com os amigos. Jogava muito futebol e se envolvia em todas as brincadeiras coletivas possíveis. Subir nas árvores para pegar frutas era uma diversão garantida e deliciosa.

    Aos domingos o encontro era no cinema, na sessão vesperal, assistindo filmes de cowboy e reproduzindo logo as cenas e situações que viam na tela e absorviam com fruição.

    Wislen não conheceu seu avô paterno. Ele faleceu quando o pai de Wislen tinha apenas treze anos. Estava carregando o caixão de um amigo quando caiu e teve um infarto fulminante. Esse trágico acontecimento transformou a vida de Idalírio Braga, um menino que teve que se transformar em homem e assumir a responsabilidade da casa, sem esmorecer. Idalírio seguiu os passos de muitos na cidade e acabou trabalhando em uma das oficinas que serviam de apoio para os trens, que não paravam de ir e vir.

    A vida de Wislen dos Santos Braga, o mineirinho curioso, deu uma virada quando tinha quinze anos. Ele se mudou para Ipameri, Goiás.

    Lá as coisas começaram a ficar um pouco mais sérias. Era menos diversão e mais responsabilidades. Ele passou a ser parte da JEC (Juventude Estudantil Católica). A participação naquele movimento mudou a cabeça de Wislen. Foram três anos envolvido com a JEC que tiveram grande influência sobre sua vida. Foi como abrir os olhos para um novo mundo, para novas ideias, para uma nova visão das coisas, dos acontecimentos, da vida em si.

    Voltou de lá com muita vontade de estudar. Uma das primeiras coisas que fez foi se matricular e concluir um curso de Datilografia. Quem dominava uma máquina de escrever naquela época tinha emprego garantido.

    Ao mesmo tempo cursava o Segundo Científico do Ensino Médio. Foi quando o Exército Nacional o chamou para servir no Batalhão da Guarda Presidencial (BGP) em Brasília. De junho a junho do ano seguinte. Assim, acabou perdendo dois anos de estudo, mas ganhando muita experiência em muitos aspectos. Levantava muito cedo, tomava café e ia de ônibus para fazer parte da Guarda Presidencial. O fato de ser um bom datilógrafo o salvou de exaustivas horas de serviço. Passou a ser um burocrata.

     Ele aproveitou o momento e fez o curso para ser promovido para cabo. E virou um cabo burocrata. Antes, quando ainda tinha que fazer guarda, esteve na Granja do Torto, residência oficial do Presidente da República. Lá tinha que liberar a entrada de pessoas que iam para reuniões de trabalho ou encontros sociais.

    A experiência no serviço militar foi um divisor de águas na sua vida. Poderia ter feito carreira como militar, mas optou por sair. Quando tomou essa decisão foi chamado pelo comandante que advertiu, num tom paternal: – “Aqui toca a corneta e você sabe que tem comida à mesa; lá fora é diferente, muito diferente!”. Wislen não perdeu o humor e comentou que – “então, terei que comprar uma cornetinha e aprender a tocar!”, Wislen estava decidido a dedicar seu tempo ao estudo.

    Primeiro esteve em Belo Horizonte e não se encaixou muito bem na turma. Acabou indo para o Rio de Janeiro pensando em se apresentar no vestibular e passar. A primeira vez que tentou não foi muito bem e acabou não passando. O fato de ter ficado dois anos fora das salas de aulas atrapalhou bastante. Esse tropeço não o desanimou. Ele e um companheiro montaram um plano de estudo rigoroso e bem organizado. Das sete da manhã até o meio-dia, estudavam sem parar. Quando os sinos da igreja próxima começavam a repicar, eles davam uma parada. Uma ducha para reanimar e amainar um pouco o calor do Rio de Janeiro, e devoravam o almoço preparado por Dona Nadir. O curso pré-vestibular era das 13h15 às 18h15, quando eles tinham aulas. Após um breve intervalo, voltavam a estudar até 23h30min. Aos sábados mudavam um pouco, iam das sete da manhã até 23h30min.  Aos domingos estudavam até as 16h e depois se davam o direito de ter um pouco de lazer: cinema, passeio ou futebol.

    Muita disciplina, muita força de vontade e disposição marcaram esse momento da vida de Wislen. Todo dia ele descia até a banca de revistas, comprava o jornal e lia atentamente as notícias, buscando informações.

    Enquanto fazia o cursinho pré-vestibular cujo nome era Miguel Couto teve dificuldades financeiras. Realmente não tinha como pagar pelo curso. Não teve dúvidas, foi falar com Sampaio, que era o diretor do cursinho. O resultado da conversa foi que aquele senhor, talvez enxergando algo diferente no jovem Wislen, simplesmente o liberou do pagamento. Até hoje Wislen se sente profundamente agradecido e lembra com emoção da atitude do Professor Sampaio.

    Passou no vestibular, superando a lacuna que tinham provocado na sua educação aqueles dois anos perdidos. Aproveitou para passear e conhecer a Cidade Maravilhosa já que, até então, tinha se dedicado quase que exclusivamente a estudar, preparando-se para aquele momento crucial na vida de todo estudante. 

    Até encontrar sua especialidade dentro da Medicina, ele passou por várias etapas, mudando de opinião e procurando encontrar seu caminho.

    No começo acompanhava alguns colegas que cursavam Ortopedia. Ele participava e assistia às cirurgias. Em algum momento, ainda como estudante, fez plantão numa maternidade na cidade de Nova Iguaçu. Ficou um ano lá, trabalhando e aprendendo, aprofundando seus conhecimentos.

    Quando Wislen estava no quarto ano da faculdade conseguiu um plantão na Cruz Vermelha. Sua função era, principalmente, cuidar dos acidentados no trabalho do Cais do Porto do Rio de Janeiro. Como plantonista ele participava das cirurgias.

    Tanta informação, tantas atividades, fizeram com que ficasse um pouco perdido no momento de escolher uma especialidade dentro da Medicina.

    Quando chegou o momento do internato, ele viajou para Minas Gerais e tirou umas semanas de férias.

    Queria descansar, relaxar e pensar. Corria o ano de 1976 e, depois de um jogo de futebol, um colega o convidou para auxiliar em uma cirurgia de catarata no setor de Oftalmologia. Ali percebeu qual seria o caminho que iria trilhar.

    Quando se formou tinha a convicção de que não ficaria no Rio de Janeiro. Queria escolher uma cidade menor, abrir caminho dentro da sua especialidade.

    Num dos tantos congressos dos quais participou, ele se aproximou do palestrante para trocar umas ideias e receber alguns conselhos. O palestrante era Tadeu Cvintal, um dos grandes nomes dentro da Oftalmologia. Wislen lembra que o palestrante estava tirando os slides do projetor quando ele se aproximou. Apresentou-se e não se acanhou, perguntando e se informando, absorvendo o máximo possível sobre os transplantes de córneas.

    Durante o internato, ele ia de trem até São Paulo. Era muito puxado e cansativo. Lavava o rosto, tomava café e ia para a aula, focado no seu objetivo.

    Quando terminou a residência médica, era o único da turma que tinha condições de realizar cirurgias de transplantes córneas.

    Firme em sua ideia de sair do Rio de Janeiro, escolheu o Vale do Itajaí para desenvolver sua profissão. Corria o ano de 1980. Ele tinha a informação que ninguém operava na região. Assim que ficaram sabendo da sua especialidade e competência, Wislen foi convidado para exercer sua profissão em vários hospitais e, depois, dar aulas na faculdade.

    Para montar seu primeiro consultório ele tropeçou numa pedra enorme, naquele momento da sua vida: não tinha recursos para montar seu lugar de trabalho. A solução encontrada foi comprar a casa do pai, utilizando um financiamento da Caixa Econômica Federal de Minas Gerais. O dinheiro foi direto para o futuro consultório de Wislen. Foi uma operação financeira que contou com a união e apoio da família, pois o imóvel passaria para o nome de Wislen que pagaria as prestações do empréstimo. Ao final dos quinze anos, tempo que durou o pagamento do empréstimo, Wislen devolveu o imóvel para a família.

    A medida que entravam recursos, ele ia adquirindo equipamentos, aparelhos, para oferecer um serviço médico de qualidade e com inovações constantes.

    – “Meu pai é muito bem humorado, tem um raciocínio lógico rápido, é paciente e principalmente ama o que faz”, cita sua filha Roberta Seemann Santos Braga. – “E minha mãe é uma pessoa muito alegre e tem uma vocação natural para os negócios”. Finaliza Roberta.

    – “De origem humilde, e mineira’’, comenta sua filha Laís Helena Seemann Braga, – ‘‘Filho de um povo que, em minha opinião, é um dos mais amados do Brasil, meu pai carrega com ele esse jeitinho mineiro de ser! Um verdadeiro vencedor, que veio agregar bastante para a cidade de Balneário Camboriú e região, sendo o primeiro oftalmologista da cidade. Lembro que, quando pequena, ele era bastante solicitado pelas mídias dominantes da época (rádio, TV e jornais), quando o assunto era sobre sua especialidade. Ele sempre foi muito solícito com todos”.

    Laís afirma que seu pai é – “Uma pessoa apaixonada pelo que faz, sem dúvidas. Quem o conhece vê essa paixão pela profissão com facilidade. Determinado, preocupado com a segurança de seus pacientes sempre! Foi isso que o levou a construir o Hospital de Olhos de Santa Catarina, pela segurança do paciente, oferecendo um centro cirúrgico seguro, com baixo risco de infecção hospitalar. Podemos dizer que tem uma veia de estrategista, trazendo sempre boas ideias, seja de congressos, de conversas com colegas ou de leituras. É bastante respeitado pelas pessoas pelo seu vasto conhecimento”.

    Quando cada manhã, antes de enfrentar seu dia sempre carregado e intenso, Wislen Roberto se olha no espelho e tem a clara noção de quem é e para o que veio ao mundo. Ele sabe que é um homem com os pés no chão, com visão, com espírito empreendedor, mas impregnado de humildade, sem deixar que a vaidade ou o orgulho tomem conta dos seus sentimentos, do seu pensamento.

    Chegando à região, percebendo o potencial de tantas cidades em pleno desenvolvimento, ele tentou encontrar parceiros para levar adiante sua ideia. Ninguém acreditou, ninguém confiou no projeto e ele resolveu encarar o desafio sozinho. Assim nasceu o Hospital de Olhos de Santa Catarina, pelo esforço pessoal e obstinado de Wislen dos Santos Braga.

    – “A inauguração do Hospital foi um momento único”, comenta Elisabeth Seemann dos Santos Braga, a esposa de Wislen Braga. Outro momento de muita emoção e de realização foi quando conseguimos comprar nosso próprio aparelho de Excimer Laser, para realizar cirurgias de Miopia Hipermetropia e Astigmatismo.

    Eles se conheceram através de um amigo comum e, num Carnaval, perceberam que tinham que ficar juntos e construir suas vidas. Continuam assim até hoje, inventando a vida a cada dia. Do casamento de Wislen e Elisabeth nasceram duas filhas, Roberta e Laís, que são motivo de profundo orgulho dos pais.

    Aos poucos, o Hospital de Olhos foi tomando o formato que seu idealizador imaginava. Ele investia constantemente, melhorando equipamentos, melhorando o espaço, apostando alto no seu sonho.

    Hoje ele percebe que o espaço está pequeno perante o volume de profissionais que querem se somar ao projeto.

    O nome do Dr. Wislen Roberto dos Santos Braga se fez forte no Vale do Itajaí, projetando seu trabalho para além dos limites da região.

    Com o passar do tempo, ele foi abrindo, com humildade e visão, espaço para novos profissionais que queriam de alguma maneira, participar do projeto.

    Wislen valoriza muito o trabalho feminino dentro da sua organização. Sua esposa e sua filha Laís estão desenvolvendo, segundo ele, um excelente trabalho, organizando e administrando com sabedoria.

    Para ele, a presença da sua esposa na empresa é muito importante. O pensamento feminino é diferente e fundamental dentro da administração. A figura da sua mulher, negociando com maior facilidade, melhorando prazos, discutindo preços, negociando sempre, foi fundamental para o desenvolvimento do empreendimento, para o crescimento do Hospital de Olhos de Santa Catarina.

    A ideia inicial, ao ser imaginado e criado o Hospital de Olhos de Santa Catarina, era ter um lugar seguro para operar e cuidar dos pacientes, com equipamento moderno e técnicas avançadas. Essa ideia inicial se transformou num mantra que se repete até hoje. Constantemente há inovações em técnicas e aparelhos.

    O crescimento da organização atraiu outros profissionais. Hoje, o Hospital de Olhos de Santa Catarina abriu um leque que abriga outras especialidades. Assim, trabalham no Hospital de Olhos profissionais de diferentes áreas, tratando de olhos, plásticas, nariz, orelha, etc.

    Há muitos detalhes que habilitam o Hospital de Olhos de Santa Catarina para um serviço de excelência.  Dentro do centro cirúrgico foi montada toda uma aparelhagem de UTI, para manter o paciente estável, enquanto não chega o transporte, para ser levado para outro hospital. Além de toda a competência profissional e dos equipamentos sempre atualizados, geograficamente o hospital está localizado muito perto da Unimed, o que dá mais segurança para qualquer procedimento.

    Quando o Dr. Wislen dos Santos Braga é questionado sobre alguns momentos marcantes da sua vida, ele não hesita. Menciona seu casamento, o nascimento das suas filhas, o primeiro transplante de córnea que realizou a inauguração do Hospital de Olhos de Santa Catarina e a festa comemorando os 20 anos da fundação do hospital. As filhas conseguiram trazer o cantor Armandinho que é amigo da família, um fato que o alegrou muito a todos.

    Wislen acredita e apoia os valores jovens que estão surgindo e buscando seu espaço na vida.

    Acredita no potencial e na capacidade da juventude. Ele não se furta de ajudar, mesmo que esses profissionais venham a ser concorrentes e disputar com ele espaços. Acredita, fielmente, que há lugar para todos.

    O Dr. Wislen tem uma vida profissional intensa, muitas vezes invadindo sua vida pessoal. Mais de um dia por semana ele acaba não almoçando corretamente, enganando a fome com qualquer lanche rápido, com algum sanduíche preparado apressadamente. Muitas vezes, um suco resolve a situação e o mantém firme até o jantar, que acontece lá pelas oito horas da noite. O pique é intenso.

    Quando sai de férias, procura combinar lazer com cultura, acrescentando conhecimento. Ele não pensa, nem por um instante, em parar. Enquanto tiver energia, força física e capacidade mental continuará trabalhando e se envolvendo com a cotidiano do hospital. Sua meta é fazer que o seu empreendimento se converta no melhor centro médico da região, isso sem vaidade, sem invejas, mas consciente do potencial do Hospital de Olhos de Santa Catarina.

    – “Eles passaram por muitos desafios pra chegar onde estão, temos um orgulho imenso pela realização deles”. Comenta Roberta Seemann Santos Braga.

    Reconhecido pela sua capacidade, conhecimento e desempenho profissional, Wislen procura estar sempre atualizado. Por convite do reitor, ele já ministrou aulas na UNIVALI.

    Wislen Roberto Dos Santos Braga já é uma lenda na cidade de Balneário Camboriú, na região toda e muito além. Conquistou seu espaço com muita dedicação, com muito foco e com determinação. Porém, nunca se esquece de agradecer. Agradece, por exemplo, aos irmãos que entenderam sua situação quando teve que montar seu consultório e permitiram que a propriedade familiar fosse garantia de um empréstimo que permitiu montar seu espaço de trabalho. Agradece, com muito carinho, o diretor do cursinho, Miguel Couto, que o ajudou quando ele não podia pagar pelo curso.

    Agradece, também, aos colegas da faculdade, que o ajudaram. Em determinado momento, com ajuda de colegas, foi morar na própria faculdade, pois o dinheiro estava escasso e não conseguia se sustentar, enquanto estudava. Um dos colegas que o ajudou foi saudoso Miguel Matoso Contino, o pai do artista Gabriel O pensador.

    Wislen Roberto dos Santos Braga sonhou um futuro melhor quando ainda mergulhava nos poços de águas puras de Araguari (MG). Sonhou muito centrado e com os pés no chão, foi atrás do seu sonho, sacrificando horas de descanso, de sono e de diversão, entregando-se totalmente à onda do seu entusiasmo, focado no seu objetivo.

    Ele escreveu e continua escrevendo, uma belíssima história de entrega, de dedicação e de superação. Dr. Wislen Roberto dos Santos Braga, cérebro, alma e inspiração do Hospital de Olhos de Santa Catarina.

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