Um homem inventando o futuro
Há vidas que parecem filmes. Filmes que começam com muita dificuldade e luta constante para sobreviver e acabam tendo um final feliz. Vidas que são como filmes e nos emocionam, vidas que nos fazem chorar em algumas passagens, primeiro de tristeza e depois de felicidade.
John Lenon Teodoro nasceu em Itajaí (SC) no dia vinte e sete de junho de 1981. Ele veio de uma família humilde, mas muito unida e corajosa. Seus pais descobriram a paternidade muito jovens, na época admiradores da Banda Beatles, resolveram em homenagem ao líder da banda inglesa, ao dar seu nome ao filho primogênito, logo vieram gêmeos, George e Allan e mais dois irmãos, Jonathan e o caçula Mikael, mesmo diante de muitas dificuldades, não esmoreceram. Criaram seus filhos acreditando no futuro.
Alvacir Pereira Teodoro, seu pai, nasceu em Rio Negrinho (SC) e pelas voltas do destino e desígnios de Deus, conheceu em Itajaí (SC), aquela que seria sua companheira, Eulina de Souza, nascida em Brusque (SC). Constituíram no final da década de 80 uma pequena empresa que se dedicava a pintar publicidade em muros e fachadas de lojas, conseguindo um pouco mais de estabilidade na vida. A família muito humilde deu um pequeno grande passo na vida, após morarem na rua e passarem por muitas dificuldades. Seu pai Teodoro sempre trabalhou com vendas, dedicado aos filhos, sempre os inspirou, e sua mãe, a Dona Lina, foi o alicerce da família, no cuidado, na educação, no amor e na intercessão por todos.
No início da década de 1990, os pais de John Lenon passaram a se congregar numa igreja evangélica. As pessoas da igreja o receberam com carinho, o envolveram numa sensação de conforto e fizeram com que eles se sentissem renovados, amparados, amados em Cristo Jesus. Daquele momento em diante, tudo começou a melhorar para toda a família.
John Lenon, devido às constantes mudanças de domicílio dos pais, frequentou quase todos os colégios públicos de Balneário Camboriú. Terminava o ano em um e, por ter se mudado, começava o ano letivo em outro colégio. Uma aventura e tanto para uma criança. Tanto para ele como para seus irmãos.
Mas ele tinha muita vontade de estudar, de aprender, de saber as coisas, de entender o mundo. Tinha facilidade para se entrosar e, mesmo sendo motivo de bullying e risos em alguns momentos, se adaptava fácil e ia adiante. Ele foi um dos primeiros alunos da sua turma a aprender a ler. Aquilo virou motivo de orgulho pessoal e mexeu até com a professora, que passou um bom tempo o elogiando e, inclusive, chamou outras professoras para mostrar como ele tinha progredido, mesmo com todas as dificuldades da sua infância.
Conta John Lenon que entre a Sétima e Oitava Série teve um lapso de rebeldia. Talvez por estar ingressando numa nova etapa da vida, ficou rebelde, reclamava, incomodava os pais e professores, atrapalhava as aulas. Tanto que sua mãe foi chamada no colégio. Porém, superou logo essa etapa e continuou sua caminhada.
Mesmo com as dificuldades da vida, e quiçá por isso, ele se sentia muito amado e protegido, sempre teve muito orgulho dos seus pais.
Para ele e seus irmãos, não existia Natal ou festas nas quais recebiam presentes. O máximo que ganhavam era uma caixa de bombom. Por isso, para ele, Natal é uma data totalmente diferente. É um momento de união familiar, de reflexão, e não tem nada a ver com presentes, comidas e bebidas.
Desde pequeno teve um senso de justiça muito apurado. Não suportava situações em que alguém era injustiçado. Imediatamente se colocava do lado do companheiro ou da pessoa que estava sendo tratada de maneira injusta. Isso faz parte da sua personalidade e o acompanha vida afora.
Ele era parte de uma família humilde, mas não de uma família triste. Eles dividiam tudo, em perfeita união. Se conquistavam algo, ganhassem uma ajuda ou até mesmo algum dinheiro, qualquer coisa que tivesse algum valor, era dividido com a família.
John Lenon gostava de estudar, sentia prazer em aprender, em abrir sua mente para o conhecimento. Gostava de todas as matérias. Porém, mesmo gostando de Português e Química, tinha medo de ser reprovado nessas matérias. História e Geografia eram suas preferidas. Mergulhando nelas, descobria o mundo e seu passado, aprendia sobre povos, sobre outras culturas, sobre a própria história. Queria entender o mundo, queria descobrir esse universo que parecia totalmente blindado para ele, deixando-o de fora.
Gostava de esportes, principalmente de futebol. Sonhava em ser um jogador de futebol profissional, vencer, chegar à seleção, triunfar e ajudar seus pais. Fez alguns testes, um deles para o São Paulo FC, mas não passou no seletivo. Já estava com quinze anos e tinha que ajudar os pais. O sonho de uma carreira no mundo do futebol esmoreceu ali.
Ele fez quase de tudo na vida. Vendeu picolés, juntou latinhas, vendeu quadros, mapas, revistas, brincos, colares, entregou jornais. Foi flanelinha, pasteleiro, garçom, recepcionista e motorista. Em 2003 fez um curso de formação em Bombeiro Voluntário e concluiu o Curso de Técnico em Segurança do Trabalho pelo SENAI/SC.
Mais o destino reservava um dos momentos mais felizes e importante de sua vida, gravado para sempre em seu coração, o dia 29 de janeiro de 2004 quando conheceu Ana Cláudia, o grande amor de sua vida. Neste mesmo ano ele e o pai, chocados com um acidente fatal, um incêndio que tinha consumido a vida de duas crianças, em Camboriú (SC), resolveram montar um grupo de Bombeiros Voluntários. Com muito esforço e ajuda da comunidade conseguiram implantar uma unidade na cidade, John Lenon auxiliou seu pai no comando, foi um tempo de grande dedicação pelo próximo, de muito serviço e aprendizado.
E um dia apareceu por lá uma bela morena. Ela, que tinha passado por um estágio no Corpo de Bombeiros em Anápolis (GO), ao ver a unidade Bombeiros Voluntários em Camboriú se interessou pelo projeto e decidiu conhecer melhor como era o funcionamento da organização. John Lenon ao recebê-la ficou deslumbrado por Ana Claudia, pouco tempo depois tudo começou a florescer entre os dois. Ana Cláudia tinha vindo visitar o avô, que estava muito doente e, ao mesmo tempo, apresentar a neta, que ele ainda não conhecia.
Ana, filha de pais separados, possui muito orgulho de sua mãe, Dona Norberta, uma mulher de fé e de fibra que trabalhava muito num hospital para manter a família, ela e seu irmão, Rodrigo (in memória). Sem a presença constante de seu pai, Seu Rodolfo, passaram muitas dificuldades, mais com perseverança e fé sempre superou todas as circunstâncias.
A infância de Ana na cidade em que nasceu, Anápolis (GO), foi difícil, com muitas limitações. Muitas vezes ela ficava sozinha, em outras ocasiões ia escondida para o trabalho da mãe. Teve a sorte de conseguir uma bolsa de estudo e frequentar colégios particulares. Lá sofria o que hoje chamam de bullying. Ela era uma menina quieta, sem muito entrosamento com os colegas riquinhos. Não considera que fosse uma aluna exemplar, mas gostava de ir ao colégio.
Ana Cláudia, em 1999 foi abençoada pelo dom divino de ser mãe, de Anna Clara, uma menina linda que sempre foi sua inspiração, especialmente sobre sua vocação, em 2002, se formou em Técnica de Enfermagem pela Escola de Enfermagem Florence Nightingale. Ela queria atuar na área da saúde, para levar conforto, carinho e cuidados para as pessoas necessitadas, doentes, feridas. Muitas delas não tinham nem o carinho dos familiares. Por isso, quando atuava diretamente com essas pessoas, procurava fazer algo além do rotineiro. Ana diz que as coisas devem ser feitas com amor, superando barreiras e preconceitos, nem tudo se faz por dinheiro. Procura sempre ter equilíbrio entre emoção e razão.
Lembra até hoje da sua primeira paciente, uma menina de quatro anos de idade. Ela ficou ali, fazendo muito além da sua função, confortando a garotinha. Em determinado momento, ela falou para Ana Cláudia: “Você brinca com sua filha? A minha mãe não brinca comigo, ela foi embora”. Aquilo mexeu muito com o emocional da jovem, que sabia que em casa a estava esperando Anna Clara, e da mesma idade da paciente. Para Ana Cláudia, amor no serviço ao próximo é fundamental.
Ela sorri, entre constrangida e divertida, quando conta seu encontro com John Lenon naquele janeiro de 2004. Antes de voltar para sua cidade, eles compraram alianças para selar um compromisso. Durante seis meses mantiveram um romance à distância. Chegaram a trocar quinhentas mensagens amorosas num só dia!
Na Páscoa daquele ano ela veio visitar o namorado à distância e em julho fez as malas e veio para Camboriú, largando tudo na sua cidade. John Lenon interpretou a chegada de Ana Cláudia à sua vida como um ato de imensa coragem da parte dela. Ele não tinha nada para oferecê-la, só um punhado de sonhos e uma profunda esperança de que poderia vencer.
O ano de 2004 foi o ano da virada para John Lenon. Conheceu Ana Cláudia, casou com ela em outubro e concorreu a eleição para vereador, obtendo cento e setenta e sete votos, que não foram suficientes para garantir a eleição, mas que lhe deram uma lição de vida que mais tarde aproveitaria.
Uma das coisas que aprendeu é que se deve dar tempo ao tempo, que tudo chega no momento certo, que não há necessidade de se desesperar.
Foram morar em janeiro de 2005 numa kitchenette alugada, de propriedade do Seu Henrique Coppi, um grande amigo os quais possuem muita admiração e respeito, na kitchenette tudo compacto e apertado. Fogão, geladeira e um armário. Mesmo atravessando momentos difíceis, eles se esforçaram para ir pagando um lote de um terreno, pensando no futuro da família.
A vizinha, Dona Olga, é uma testemunha fiel dessa história, conhece John desde a época em que ele alugava a kitchenette do filho dela. Sempre simpático, muito conversador e cheio de energia. Lembra que numa festividade qualquer comprou duas taças de um espumante, pois ele não tinha nenhuma e queria brindar com a esposa uma de suas conquistas. Muitas vezes, John Lenon provou do feijão preparado por sua vizinha, hoje amiga e admiradora. Ele guarda uma grata lembrança dela, e de maneira carinhosa a chama de segunda mãe.
No início os dois ganhavam muito pouco. John Lenon, que tinha feito um curso de Técnico em Segurança, estava se saindo bem na empresa na qual trabalhava. Ali descobriu o que queria ser na vida: administrador. Resolveu cursar administração na Univali. Entretanto, sempre existe um porém, o que os dois ganhavam mal dava para pagar o aluguel e a mensalidade da faculdade. Foi um período muito pesado para o casal.
Até que em 2006 ele conseguiu ingressar na Udesc e logo a seguir conseguiu um emprego na Prefeitura de Camboriú. Basicamente era a pessoa que tirava cópias das licitações e as colocava os editais de compras nos quadros para informar aos interessados. Inteligente e totalmente dedicado ao trabalho, imaginou o que seria seu futuro.
Um dia chegou em casa e falou para Ana Cláudia: vou ser Secretário da Administração da Prefeitura. Ela riu e não acreditou muito nele. Sugeriu que cuidasse do emprego que já estava ajudando bastante na economia familiar.
Enquanto avançava no seu curso na faculdade, também progredia no seu emprego na Prefeitura. No fim do primeiro ano já era responsável pelas licitações, aprendendo muito e comparando o que se fazia ali com o que ele estava estudando na Udesc.
Pouco a pouco passou a aplicar os conhecimentos adquiridos na faculdade, no cotidiano do seu trabalho. Um dia falou para o prefeito da época que estava tudo errado no Setor de Compras. Falou e provou, passando a ser Assessor do Departamento de Compras. Montou uma licitação que provocou o maior estouro entre os interessados. Chamado para explicar, falou que aquela era a maneira correta e não como tinha sido feito até então, sendo assim foi o responsável pela implantação do Pregão Presencial, uma modalidade de compras na administração pública.
Em vez de ser demitido por mostrar erros na administração, assumiu o Departamento de Compras, começando a ganhar nome na administração pública. Trabalhava até altas horas da noite, aprendendo enquanto trabalhava, sem importar-se quando se burlavam dele, por se esforçar tanto. Em tudo o que ele colocava a mão conseguia melhorar, aperfeiçoar, aplicando seus conhecimentos e, principalmente sua energia e determinação. Não se cansava de estudar e buscar soluções.
John Lenon e Ana Claudia trabalharam muito, teve um período que ele chegou a ter três empregos diferentes e ela quatro empregos, para alcançar o sonho de ter a casa própria, financiando um sobrado em 2009, que deu dignidade e abrigo para sua família, neste mesmo momento de conquista e vitórias, descobriram estarem grávidos de Julia, que nasceu em três de janeiro de 2010, que além de completar a família, é motivo de muito orgulho e amor.
John e Ana relatam que foi o melhor ano de suas vidas, pois nessa mesma época, John Lenon também se formava em Administração Pública pela Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC, e tinha sido nomeado pela então Prefeita Luzia Coppi Mathias, Secretário Municipal de Administração, sendo o responsável pela reforma administrativa e toda gestão administrativa do governo, cumprindo assim sua profecia.
Peter Lee Grando, que desempenhou a função de Assessor de Imprensa na Prefeitura de Camboriú, conheceu John quando ainda era o rapaz que fazia apenas as fotocópias das licitações. Naquela época, John Lenon já se destacava pelo seu foco, pela sua determinação e por sua vontade de fazer as coisas cada vez melhor. Profissionalismo, foco, determinação e muita dedicação eram qualidades que saltavam à vista e que faziam parte da personalidade de John Lenon. Quando ele alcançou o cargo de Secretário da Administração, provocou uma verdadeira revolução. Peter comenta, com humor, que John Lenon chegava a ser chato de tão focado, determinado e perfeccionista. Ele foi o servidor que trouxe profissionalismo para a administração municipal, deixando sua marca, modernizando e mostrando como se devia proceder.
Em 2009 ele foi chamado para ocupar o cargo de Secretário de Administração de Camboriú. Seu trabalho lhe deu projeção política e começou a chancelar seu nome para novos voos. Ele sempre procurou andar a frente das necessidades, dos pedidos que chegavam até ele. Consumia horas do seu tempo, muito além do horário de trabalho, estudando e preparando materiais. Como afirmou Peter Lee, ele provocou uma verdadeira revolução na administração municipal. Ocupou o cargo até 2012. Ele teve chance, depois daquele ano, de escolher onde ia trabalhar, já que a Prefeita Luzia Coppi tinha sido reeleita. Ficou com a Assistência Social, que era considerada o patinho feio e com um orçamento muito limitado. No primeiro dia teve problemas com uma funcionária que insinuou que só receberia ordens da prefeita. Ele simplesmente pediu o afastamento da servidora e se dedicou a conhecer bem seu novo espaço de trabalho, nesse momento já tinha se tornado especialista em gestão pública pelo Instituto Federal de Santa Catarina. Mais uma vez se utilizou de seu conhecimento técnico para inovar e transformar a gestão municipal de Camboriú. Pediu que os funcionários fizessem um diagnóstico e, à medida que recebia informações, foi aprendendo e despertando novas ideias. Basicamente tudo se limitava ao programa bolsa família e distribuição de cestas básicas e fraldas para a população carente.
Resolveu que todos os solicitantes do bolsa família deveriam se inscrever em algum curso profissionalizante, que seriam disponibilizados gratuitamente. Muitos foram contra, avisando que não daria certo. Ele insistiu e transformou o novo programa num sucesso absoluto, mais de duas mil pessoas fizeram cursos profissionalizantes. Ele deu para muitos trabalhadores uma identidade profissional, algo que sua própria família não teve. Aqueles que fizeram os cursos e seguiram adiante, tiveram um crescimento em suas vidas, deixando de se sentirem inferiores e ocupando seus espaços na sociedade.
De vez em quando John Lenon se encontra com alguém que aproveitou a oportunidade naquela época e que se sente agradecido. Ele menciona o caso de um confeiteiro, um menino que fez o curso e se destacou. Ele foi chamado para dar uma palestra e explicar como tinha criado um bolo de café que fez muito sucesso. São fatos como esse que dão a certeza a John Lenon que fez e está fazendo as coisas certas.
Para ele assistência social não pode ser esmola. Deve ser uma política de direito. As pessoas têm direito a receber o mínimo que a Constituição garante.
Sua atuação na Assistência Social lhe rendeu destaque na região e no âmbito estadual. Foi eleito representante perante o governo estadual para levar os pedidos e pleitos dos municípios catarinenses.
A lista de conquistas de John Lenon na Assistência Social é longa e inspiradora. Ao mesmo tempo em que isso o projetou, trouxe problemas políticos, despertou invejas, ciúmes. De repente todos queriam atuar naquele setor.
No ano em que conheceu Ana Cláudia, a mulher que o ajudou a dar uma virada positiva na sua vida, ele se candidatou a vereador. John Lenon tinha feito um trabalho excelente com os bombeiros voluntários de Camboriú. Naquele ano tinha feito mais de quinhentos atendimentos, ajudando à população e prestando um serviço de excelência. Isso o fez pensar que podia vencer o pleito eleitoral, já que precisava de uns trezentos votos para se eleger. Quando abriram as urnas, ele alcançou cento e setenta e sete votos.
Ele e Ana Cláudia, com ajuda dos seus pais e irmãos tinham trabalhado com dedicação, com poucos recursos, visitando lares, conversando com pessoas, apresentando o plano que pensava levar a cabo, se fosse eleito. Foi uma noite triste para eles. John conta que foi para seu dormitório e desatou a chorar. Depois, adormeceu.
A tristeza cedeu espaço para o questionamento. Ele se perguntava onde tinha errado, o que tinha faltado para dar certo. Descobriu que não bastava o querer e achar que tinha pessoas que votariam nele. Tinha que se preparar, de forma técnica, construir uma história de serviços prestados a comunidade, construir pontes e chegar às mentes e corações da população. Ele tinha falhado em algum ponto, em algum lugar. Tinha que se preparar e mostrar que ele estava pronto, que era capaz, que podia oferecer muito.
Em 2016 já se sentia pronto para enfrentar, novamente, o desafio de uma campanha eleitoral. Já entendia perfeitamente como funciona o processo político, tinha projeção política e pública pelo seu trabalho. Quase sem perceber ele tinha se transformado em um especialista em Gestão Pública.
A sua posição de destaque tinha provocado muitas reações contrárias, ciúmes, invejas, mas ele não se sentia intimidado, seguiu determinado e se candidatou novamente a vereador. No dia da eleição, na hora que começaram a abrir as urnas, sua casa foi invadida por umas setenta pessoas, entre familiares e amigos. Ele estava muito nervoso, preocupado. Tinha convicção de ter feito um belo trabalho e certeza do que podia oferecer para a comunidade, mas nunca se sabe exatamente o que pode acontecer numa disputa eleitoral.
Quando foi confirmada sua vitória, ele e todos ali explodiram de alegria. Era a coroação de muitos anos de lutas e trabalhos. O menino humilde, que desde pequeno trabalhou e vendia de tudo para ajudar à família, o menino considerado um pobre e sem futuro por grande parte da sociedade, tinha vencido, tinha alcançado o reconhecimento público, um reconhecimento alcançado com seu trabalho, foi o segundo mais votado na sua legenda, e com setecentos e trinta votos foi eleito vereador para legislatura 2017/2020. Nada lhe foi dado de graça, cada centímetro do seu espaço foi conquistado com muito esforço, com muita raça e com muita dedicação.
Era a parte feliz do filme, quando o herói, que pela lógica cruel do mundo deveria cair de joelhos e ser derrotado, lograva superar suas deficiências, suas limitações e vencia contra todos os prognósticos, contra todas as adversidades.
Não dormiu naquela noite. A excitação, a alegria, a adrenalina era tanta que não poderia dormir, de jeito nenhum. Abraçou sua esposa, sua aliada, sua companheira, seu apoio, seu suporte, abraçou com emoção, sabendo que uma etapa havia sido vencida.
Ao amanhecer, quando os primeiros raios de sol iluminaram a cidade, ainda sem dormir, acordou para outra realidade: ser eleito representava assumir uma responsabilidade enorme com a população camboriuense, uma oportunidade ímpar e por ela seria cobrado, com ou sem razão. Sem dúvidas, estava preparado para aquele momento e não ia fraquejar. Ia entregar tudo o que prometeu entregar, sem reservas, sem medir esforço, exigindo de si o máximo. Como sempre, como nunca.
“Acredito em Camboriú” é seu mantra, a frase que repete e se repete constantemente. Acredita no potencial da cidade e na sua gente. Sabe que é possível conquistar um futuro melhor, e como parlamentar tem sido hoje um dos vereadores mais atuante de Camboriú/SC.
John Lenon hoje é autor, contratado pela Editora Brasil Publishing, tendo seu livro: E Agora, Prefeito? Publicado e distribuído em todo Brasil, John é especialista em gestão pública e ministra palestras em escolas e universidades.
Acredita em milagres, também, porque ele mesmo é um milagre, alguém que estava destinado a fracassar, a se transformar em alguém rejeitado pela sociedade e, sem muita gente entender direito, de repente consegue reverter todas as expectativas negativas e vence. Acredita em Deus e acredita em milagres, porque viu milagres se gestarem, às vezes com muita lentidão, às vezes da noite para o dia, viu milagres acontecerem ao seu redor e com sua família.
John Lenon, o menino humilde e Ana Cláudia a menina tímida, num dia mágico se encontraram e uniram suas vidas, seus desejos, seus sonhos, suas expectativas, para criar uma bela história de vida, de amor e de entrega. São heróis, para nada anônimos, guerreiros de carne e ossos que inspiram milhares de pessoas. Eles torceram, com fé, esperança e a ajuda de Deus, o destino ao seu favor.
Um filme maravilhoso com um final feliz. É a realidade imitando a ficção, para alegria de muitos corações.