O longo caminho de Ipatinga a Balneário Camboriú
Natural de Timóteo (MG) em 04 de janeiro de 1955 e morando, durante muitos anos, em Ipatinga (MG), no Vale do Aço, Marco Túlio Teixeira de Araújo bem poderia ser o personagem central de um romance com uma profunda lição de vida.
Desde pequeno, começou a desenvolver atividades laborais. Com 6 anos de idade já ajudava o pai, no bar fazendo as vezes de garçom e também em outros labores. Acordava antes do dia raiar e ia com seu genitor buscar jurubeba e caçar jacarés em uma lagoa para atender a clientela. Eram outros tempos, mais duros, quiçá; porém, com certo romantismo. Não era crime trabalhar na infância, não era politicamente incorreto matar jacarés, principalmente se serviam de alimento.
Além das atividades no bar, também colaborava com sua mãe na pensão da família, atendendo trabalhadores e viajantes e cuidando de manter tudo limpo e asseado.
Menino curioso e interessado, gostava de ler, brincar, descobrir coisas. Subia nas árvores – tinha muitas no quintal da sua casa – e lá ficava lendo gibis e desfrutando da natureza. Apreciava ouvir rádio e escutar músicas. Na época em que vendeu balas no cinema, assistia filmes em quase todas as sessões. Essas experiências foram aguçando cada vez mais seu lado artístico e cultural. Desde a infância gostava muito de estudar e também de esportes, jogando futebol e torcendo para seu clube do coração, o Atlético Mineiro.
Conflitos familiares (pai alcoólatra e violento quando bebia), a separação dos pais quando ainda criança, a traição da confiança por pessoas que considerava amigos e até lhe deram as costas quando precisou delas, além de incidentes diversos que mudaram o seu rumo, não foram suficientes para esmorecer sua fé ou torná-lo amargo e vingativo. Muito pelo contrário, sempre guiou sua vida acreditando, sem restrições, em Deus; continuamente, alimentando sua fé inabalável Nele e renovando diariamente a esperança de bênçãos.
Desde a infância, Marco Túlio teve consciência da sua responsabilidade contribuindo, conforme podia, para o sustento do lar. Foi arrimo de família e, para ajudar a própria sobrevivência e de todos à sua volta, não desanimou – vendeu esterco, trabalhou como engraxate, jornaleiro, lavador de ônibus, vendedor de picolés, de balas no cinema e funcionário em banco – neste, quando começou como contínuo (boy) aos 14 anos, foi atropelado por uma kombi quando entregava correspondência bancária por toda a cidade em bicicleta, ficando em coma por três dias.
Sempre trabalhando durante o dia e estudando à noite, ainda rapaz já ocupava cargos importantes – Chefe do Departamento de Pessoal e Assessor de Relações Públicas em empresas metalúrgicas e de eletroeletrônica. Cursou o técnico em eletrônica Industrial no ensino médio e entrou para uma das maiores siderúrgicas da América latina.
Porém, sua veia artística e seu dinamismo intelectual, aliados ao interesse por Ciências Humanas e pelas expressões culturais, levaram-no por novos caminhos.
Surgiu, então, oportunidade em conceituado jornal diário regional, onde atuou como jornalista – iniciando-se como repórter, depois chefe de redação e colunista diário. Foi responsável por furos de reportagem – um deles desmascarando políticos corruptos, em uma espécie de ‘mensalão’ municipal, envolvendo o prefeito à época, que dava lotes em região praiana de outro estado para vereadores o apoiarem.
No jornal migrou para a área de vendas. Posteriormente desligou-se dele e constituiu uma agência de propaganda, que por mais de dez anos atendia pequenas e grandes empresas – dentre as quais de concretagem, concessionária de veículos, reformadora de pneus, escola, lojas de confecções, de ótica, de fotografia, livraria e, também – e, também, políticos. Cuidava da comercialização, criação e produção de peças publicitárias que era veiculadas em rádios, jornais e TV (Globo, Bandeirantes, Manchete – atual Rede TV). Também foi apresentador de programa radiofônico. E ocupou os cargos de Chefe de Divisão (subsecretário) e Assessor de Imprensa na prefeitura da cidade. Autodidata por natureza, ainda incursionou no mundo da Informática. Formou-se em Direito e advogou por cerca de dez anos. Recentemente, foi diretor comercial de uma emissora de televisão catarinense.
Marco Túlio também tem dotes musicais: desde criança compõe, toca e canta. Participou de festivais de música e foi premiado; promoveu e coordenou festivais musicais, cantou em programas de auditório e de TV, produziu disco musical e contribuiu em outros. Teve estúdio de gravação com os melhores equipamentos e instrumentos importados. Por dez anos agenciou artistas e bandas para apresentações em Minas Gerais e em outros estados, nos mais variados eventos – festas de cidades, empresariais e de clubes, rodeios e exposições agropecuárias e bailes de formatura.
Desde jovem, participa da política – municipal, estadual e nacional; e, nos últimos anos, ativamente em Balneário Camboriú. Já atuou em coordenação de campanhas, comícios, em áreas de comunicação e jurídica para candidatos a vereador, a prefeito, deputados estadual e federal e senador. Atuou vivamente em manifestações políticas, inclusive no movimento ‘Diretas Já’ em Minas e em Brasília; e dirigiu caravana à câmara federal, quando da escolha de Tancredo Neves para ser o primeiro presidente da redemocratização.
Após ter se mudado e residido em Belo Horizonte e região por vinte anos, um engenheiro catarinense que lá mora o convenceu a conhecer Balneário Camboriú – cidade onde Marco Túlio está desde 2011 e considera um paraíso, num dos melhores estados brasileiros para se viver. Nela, tem trilhado novo caminho, conquistando o respeito da comunidade pela sua atuação e jeito de ser.
Nessa sua nova fase, com sua empresa de marketing continua no mercado publicitário; e volta a incursionar-se como produtor artístico-cultural, no agenciamento de cantores e bandas para shows e eventos, estendendo-se à gravação e produção de álbuns musicais. Também amplia o leque de atuação às áreas cultural e esportiva, com elaboração e captação de projetos culturais e representação de jogadores e técnicos de futebol.
Em seu viver teve momentos e situações de muito provação e estresse em diferentes etapas da caminhada. Foi o trabalhar desde a infância, o ajudar a mãe e dois irmãos na sobrevivência após a separação familiar por causa da violência paternal derivada do vício em bebida alcóolica; o acordar, anos e anos, antes do dia clarear, andar grande distância a pé para ir em ônibus trabalhar no banco e em empresas que ficavam distantes; e após um dia cansativo de trabalho, à noite ir em para outra cidade cursar o segundo grau técnico, retornando e chegando em casa após meia noite. Também sentiu as frustrações com amigos de muitos anos e que não eram tais. Mesmo com tudo isso, a fé inabalável em Deus, a educação familiar, o trabalho desde tenra idade, as boas leituras e a atuação artístico-cultural moldaram, excelentemente, a formação da sua personalidade.
Curtido pela vida, experiente, sábio em seu caminhar aprendeu, desde cedo, que as pessoas tidas como conhecidas são muitas; que colegas são algumas poucas; e as amizades verdadeiras são raras de se ter. Felizmente, as experiências ruins da vida não o afetaram negativamente. Em realidade, fortaleceram-no e o melhoraram como ser humano.
Marco Túlio tem quatro filhos e uma filha, duas netas e dois netos; e uma netinha em breve nascerá. E, quanto ao amor romântico, lamenta que costume durar tão pouco – até que se prove o contrário.
Em um mundo imediatista, confuso, de pernas para ar, com tantas referências negativas, a vida de Marco Túlio está cheia de bons exemplos. E é demonstração cabal de força da fé, crescimento interior e de não desistir jamais.
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