Você consegue delegar?

Um dos maiores questionamentos que recebo dos alunos da Nobre Treinamentos é “como faço para conseguir delegar mais e descentralizar?”. Inúmeras empresas que visito para fazer consultoria e treinamentos tem esta mesma dúvida, que também é uma dificuldade.

As empresas vão crescendo e o empresário sente a necessidade de contratar alguém para ajudá-lo, tirando assim um pouco do peso das costas. Acontece que na maioria das vezes este empresário agora fica com mais um problema: além de não descentralizar, ainda tem mais um funcionário para pagar salário e impostos.

Percebo que são dois os principais motivos:

1 – Falta de treinamento

Lembro que quando assumi o cargo de gerente de setor em uma empresa, e eu ainda era bem novo, ficava irritado com alguns colaboradores que não faziam as tarefas da forma correta. Eu cobrava deles diariamente e ainda assim vivia me incomodando. Eu pensava: – “eu poderia estar rendendo em outra tarefa e tenho que ficar aqui cobrando deles. Que coisa séria!”.

 Certo dia o gerente geral passou por mim e me viu cobrando de forma veemente de um colaborador relativamente novo na empresa, sabiamente me chamou à sua sala e me falou algo que lembrarei para sempre: -“não adianta somente cobrar, ele não saberá dar o seu melhor se você não ensiná-lo!”. Foi um tapa na minha cara! A partir daquele dia comecei a fazer reuniões periódicas com a equipe, no primeiro dia da semana e no primeiro horário. Perguntava a eles quais as principais tarefas a realizar e quais as dúvidas, pois queria mais acertos e menos erros.

Aprendi com meu pai e mentor, Norberto Valentini, que tudo se resolve na base de uma conversa. Esta conversa pode sim ser uma reunião rápida. Eu mostrava para eles qual era o caminho, ia no setor deles mostrar na prática como funcionava e logo, meu setor se tornou o que mais vendia em toda aquela imensa loja.

2 – Medo de soltar

Quando eu iniciei a formação de instrutores para a Nobre Treinamentos, sempre busquei a perfeição. Acontece que em determinado momento isto me atrapalhou muito, devido a brecha da perfeição que se assemelha muito ao autoengano, segundo John Maxwell no livro “As 15 Leis do Crescimento”.

Após dois anos preparando os instrutores, eu não conseguia soltá-los sozinhos à frente de uma turma, por medo de não fazerem exatamente como eu queria, com aquele “tempero” que eu coloco, com aquele carinho que tenho por cada aluno, com toda a atenção que eu tenho nos processos. Certo dia meu pai e mentor percebeu que eu ficava me “metendo” na instrução dos recém formados instrutores constantemente e me puxou no lado e perguntou: -“foi você que treinou este pessoal? Eu respondi: sim, pai! Ele ainda perguntou: por quanto tempo? Eu respondi: dois anos, pai. E ele me fez “cair na real” quando perguntou: “você não confia no trabalho que fez?”. Eu tive que engolir a seco aquela situação e responder: confio, pai! Foi aí que ele me explicou que após treinar, devemos soltar.

Obviamente que não vai ficar exatamente do seu jeito, mas é o preço para conseguir expandir os negócios e dividir as tarefas, assim o empresário, líder, gerente, consegue pensar melhor nas estratégias.

Quer saber? Quando soltei os novos instrutores e me corroia por dentro para não dar pitaco no trabalho deles, comecei a aprender com eles. Cada história linda, cada experiência de vida, cada “tempero” saboroso! E o que era mais técnico se manteve certo!

Outra vez, um rapaz fez o treinamento LORDE conosco e depois a mãe dele e ainda queria que em outra turma o pai participasse. Quando fui falar com o pai, me explicou que não poderia largar o volante da colheitadeira, pois qualquer pedra que pegasse na lâmina daria um grande prejuízo. Perguntei a ele se seria sempre ele que estaria ali e ele me disse que não. – “Uma hora vou ter que passar para alguém” me disse. Como eu sabia que ele já estava um tanto estressado de tanto trabalhar e tinha hérnias na coluna, devido ao trabalho da lavoura, eu incentivei ele a delegar, curtir mais a vida e cuidar da saúde. Ainda eu disse a ele que caso tivesse algum prejuízo com a lâmina seria o preço para alguém aprender e ele poder ficar mais “na boa”. Ele concordou e até hoje me agradece.

Fica esta lição: treinamento e coragem! É o que precisamos para delegar.

Um Nobre abraço!

Por Rodrigo R. Valentini
Nobre CEO – Nobre Treinamentos

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